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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Arquitetos Rebeldes

"A lição é clara: enquanto nós arquitetos rebeldes não conhecermos a coragem de nossa mente e estivermos preparados para dar um mergulho igualmente especulativo em algum desconhecido, também nós continuaremos ser objetos da geografia histórica (como abelhas operárias) em vez de sujeitos ativos que levem conscientemente ao limite as possibilidades humanas. Aquilo que Marx deu o nome de "movimento real" que vai abolir "o estado de coisas atual" está sempre por ser feito e por ser apropriado. Esse é o único sentido que pode ter adquirido a coragem de nossa mente."

David Harvey, Espaços de Esperança, 2004.

Adoro essa passagem!!
Ela me inspira a imaginar outro mundo, outra realidade. Mais do que imaginar me instiga a construir, dentro da minha condição histórica e geográfica, outro mundo. É necessário entender que a transformação é um processo eterno, pois o ser humano nunca estará pronto. Devemos compreender que durante o processo haverá contradições e precisamos sempre tencionar para a posição mais progressista possível, mesmo que essa não seja a ideal.
O futuro está em disputa e os homens tomam suas posições. Existem aqueles que estão satisfeitos com a situação e a querem conservá-la. Também existem aqueles que não aceitam " o estado de coisas atual" e querem mudá-lo. Mas para isso ocorrer é fundamental ter uma proposta de outra realidade, caso contrário, corremos o risco de ficar reclamando do sistema sem conseguir dar um passo para frente.
Existem diversos movimentos promovendo, cada um ao seu modo, propostas para um mundo mais justo e solidário. São movimentos para o comércio justo, pelo direito à moradia, pelo direito à terra, contra a homofobia, contra a xenofobia, contra o racismo, pelos direitos de minorias, pela democratização das comunicações, por direitos trabalhistas, pela conservação ambiental e varios outros. Esses movimentos atuam de forma descentralizada, mas existe um momento para o encontro deles e a convergência de suas sinergias. Esse momento é o Forum Social Mundial!!!

No site no Forum Social Mundial encontramos a seguinte definição:
O FSM é um espaço de debate democrático de idéias, aprofundamento da reflexão, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo. Após o primeiro encontro mundial, realizado em 2001, se configurou como um processo mundial permanente de busca e construção de alternativas às políticas neoliberais. Esta definição está na Carta de Princípios, principal documento do FSM.
O Fórum Social Mundial se caracteriza também pela pluralidade e pela diversidade, tendo um caráter não confessional, não governamental e não partidário. Ele se propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada e em rede, de entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial. O Fórum Social Mundial não é uma entidade nem uma organização.

Encero minhas palavras afirmando novamente:
O futuro está em disputa. Devemos compreender a correlação de forças, nos posicionar e tencionar para o horizonte mais progressista. Outro mundo é possível.

Por Henrique Silveira

2 comentários:

Anônimo disse...

Essa passagem é realmente bastante provocadora para aqueles que pleiteiam um novo mundo, mas não um novo mundo nos moldes do marxismo ortodoxo, mas sim a tranformação das ideias de Marx e traze-las para a conjuntura atual.
devemos fugir daquilo que Hegel denominou "ardil da razão" e começar essa arquitetura com novas estruturas que possam remover as mazelas em que se encontram na sociedade do modelo vigente. aproveitando a deixa deste tópico do livro de Harvey, neste mesmo livro ele diz que para que uma sociedade consiga mudar o mundo, tem que mudar a si mesmo. indo ao encontro desse pensamento,acrescento ainda uma contribuição de Marx quando diz que: "A sociedade só levanta problemas que ela mesma possa levantar" não devemos permanecer no estado de inércia,mas sim lutar para que todas as barreiras que forem aparecendo, possam ser quebradas porque só assim à arqquitetura rebelde possa se instalar trazendo novas caracteristicas para a sociedade que será revestida esperança.

henrique disse...

Beleza, Fabio!!!
Muito bom o seu comentário.
O coletivo acredita que devemos usar a força do pensamento para criar novas formas e transformá-las em realidade.
Um exemplo é o projeto Livro de Rua que se propõe a transformar varios espaços da cidade em pontos de leituras, ou seja, criar um lugar onde as pessoas possam adquirir livros, troca-los e/ou doa-los.
Dessa forma contribuímos para a construção de uma nova geografia nas cidade e nos bairros, transformando-os em lugares do ENCONTRO com a leitura.

abrço