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segunda-feira, 29 de março de 2010

Livro na praça com Poesia no poste




Na quarta feira, dia 31/03, o Projeto Livro de Rua em parceria com os grupos, Panela 21, Grupo Cultural Na Pavuna e Os Goliardos irá realizar a ação Livro na Praça com Poesia no Poste.

Onde? Pavuna - Praça Copérnico - Ao lado da saída do metrô.

Quando? Quarta feira, dia 31/03 às 18hs.

Venha curtir Música, poesias, artes plásticas e muitos Livros

Sessão Vertigem / quarta-feira - 31/03



SESSÃO VERTIGEM

QUARTA # QUARTA # QUARTA # QUARTA # QUARTA
DIA 31 – DIA 31 – DIA 31 – DIA 31 – DIA 31 – DIA 31

É a Sessão Vertigem do Cineclube Mate com angu!!!
filmes que vão te deixar tonto, vão tirar sua cabeça do lugar…

Estréia oficial do curta metragem RAZ, de André Lavaquial!!! E muitas outras surpresas!

Após os filmes

festa freestyle com o show do Family Free & DJ Pené Deluxe nas carrapetas

Abra o seu coração, cante uma canção, convide os amigos, venha pra essa ciranda!!!

Onde – Lira de Ouro: Rua Sebastião de Oliveira, 72. Centro, Duque de Caxias. Dia: 31 de março de 2010
Hora 20:30h – Grátis
Como chegar – Busão saindo do Passeio, em frente a Escola de Música da UFRJ – R$ 10,00
confirme seu nome na lista!!! mca@curtacaxias.com.
Tel de contato: (21) 9288-3300 / 9157-2632 / 7601-6700 / 9995-7600/9995 3102

O Mate Com Angu é filiado à ASCINE e ao CNC!
ESPALHEM A NOTÍCIA!
ZATTAZ

domingo, 21 de março de 2010

As três ecologias

Um testículo sobre as três ecologias de Guattari...

Ecosofia

O mundo contemporâneo é marcado pelo grande desenvolvimento dos sistemas técnico-científico, da informática, da robótica, da moderna agricultura, da biotecnologia, das telecomunicações e outros avanços tecnológicos. No entanto, paradoxalmente, ao mesmo tempo em que vemos a evolução tecnológica das sociedades modernas, nos deparamos com um mundo em crise e com inúmeros problemas, como as degradações ambientais, o aumento da miséria, da fome, da desigualdade, da intolerância, da ausência de serviços básicos, como acesso a água potável, educação, saúde, transporte, bens culturais e etc. A medida que o tempo passa, os problemas se acumulam e a crise ambiental, do sistema financeiro e dos valores de nossa sociedade ficam cada vez mais latentes e insuportáveis, sinalizando para a necessidade de mudanças. Quais são nossas alternativas ao atual modelo social, econômico e cultural? Quais caminhos devemos percorrer para a construção de uma sociedade mais justa, solidária, fraterna e sustentável? A antiga disputa leste x oeste que marcou o século xx, ameaçando a própria vida humana no planeta, acabou e deixou órfãos os partidários do socialismo real. Em que direção deve seguir os que lutam pela liberação social?
Felix Guattari, pensador contemporâneo, afirma que o caminho para a superação dos atuais problemas globais deve ser a articulação das três esferas ecológicas – a ambiental, a social e a mental – constituindo uma nova ética-política e estética, a que chama de ecosofia. Tal revolução política, econômica e cultural leva em conta as transformações micro-políticas e micro-sociais presentes no cotidiano dos indivíduos, no seio do casal, na família, no trabalho, na escola, no clube. Essas mudanças alteram os domínios da sensibilidade, da inteligência e do desejo, produzindo novas referências e novos pólos de subjetividade. O autor propõe que nos debrucemos sobre os dispositivos de produção de subjetividade e transformemo-los em direção a uma ressingularização da vida individual e coletiva. Trata-se, portanto, de dar novos significados a vida humana, de construir novas relações sociais, ambientais e políticas.
A ecologia social propõe a construção de novas formas de conviver no socius, nos diversos espaços da vida cotidiana, como a casa, o bairro, no esporte, no trabalho. Trata-se de estabelecer condições reais e concretas para o desenvolvimento de novas práticas e hábitos, baseado em princípios éticos, que darão suporte para novas formas de vivenciar a democracia, de relacionar-se com o meio ambiente, de resolução de conflitos, de conviver com a diferença e de buscar a felicidade. Essas transformações acontecem na minha relação com o outro, alterando também múltiplas escalas com intensidades variadas.
A ecologia mental, por sua vez, busca reinventar a relação do sujeito com o próprio corpo, com o tempo que passa, com seus medos, suas angustias, suas neuroses. É necessária uma forma diferente e superior ao do psicanalista para a resolução dos conflitos em nosso inconsciente. Possivelmente, a aproximação com o artista e com sua forma de expressão pode trazer bons caminhos para sublimar os desejos nocivos e maléficos que povoam nosso espírito, impedindo dessa forma que eles concretizem-se no real.
Já a ecologia ambiental é entendida através de sua ligação intrínseca com o homem e as máquinas. Tal ligação pode ter varias possibilidades, desde catástrofes ambientais às evoluções flexíveis, visto a capacidade humana de transformação e alteração dos ambientes naturais através de suas técnicas. Portanto, cabe ao homem decidir o destino dessa relação, imprimindo-lhe mais degradação ou desenvolvendo mecanismo de conservação e de sustentabilidade.
A superação dos problemas provocados pelo Capitalismo Mundial Integrado (CMI) passa pela reapropriação dos sistemas produtores de subjetividade que este utiliza há décadas, como a mídia e a publicidade, para impor seu ponto de vista, sua verdade e seu mundo, penetrando na sociedade, produzindo desejos, comportamentos e atitudes. É necessário enfrentar o capitalismo no terreno ao qual ele mais atua hoje: na produção de subjetividades. A utilização de dispositivos de produção de signos, de sintaxe, de imagens e de inteligência artificial por uma multidão de grupos-sujeitos pode promover a constituição de novos pólos de produção de subjetividades e a criação de novos valores existenciais e de desejo.
A ecosofia é ao mesmo tempo prática e especulativa e visa substituir as antigas formas de engajamento religioso, político e social. Ela não pretende impor um caminho ou modelo único para a resolução dos problemas, pelo contrário visa ser a expressão de múltiplas de práticas, atitudes e dispositivos que produzam novas subjetividades.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Forum Urbano Mundial



Está no ar a página do Fórum Social Urbano, que ocorre de 22 a 26 de março de 2010. De hoje até o final do evento será publicado notícias, artigos, programas de rádio e vídeos sobre as ações de movimentos e organizações sociais do Rio de Janeiro e do mundo.

Leia a convocatória para saber mais sobre os quatro eixos políticos do Fórum. Estão previstos debates sobre temas como Criminalização da Pobreza e Violências Urbanas; Megaeventos e a Globalização das Cidades; Justiça Ambiental na Cidade; e Grandes Projetos Urbanos, Áreas Centrais e Portuárias.

Confira em www.forumsocialurbano.wordpress.com uma reportagem sobre a especulação imobiliária no Rio de Janeiro, principalmente no Centro da cidade. Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, a atuação da prefeitura é reforçada. Cortiços e casas de cômodo são alvos fáceis. Muitos têm como destino se tornarem hotéis, bares chiques e centros comerciais. Escute o conteúdo produzido pela agência de notícias Pulsar Brasil.

E não deixe de mandar a sua contribuição para comunicaçãofsu@gmail.com. Sinta-se livre para contribuir! Este é um meio de comunicação democrático, alternativo e popular a serviço dos que lutam por cidades mais justas.

- Nos bairros e no mundo, em luta pelo direito à cidade,

pela democracia e justiça urbanas -

Rio de Janeiro, Brasil

segunda-feira, 8 de março de 2010

Frei Beto fala sobre a Campanha da Fraternidade 2010


21 de fevereiro de 2010


Artigo de Frei Beto*

O tema da Campanha da Fraternidade 2010, promovida pela CNBB e o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil), é “Economia e vida”. Lançada na Quarta-Feira de Cinzas, a campanha tem como lema o versículo do evangelho de Mateus: “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro” (6, 24). Em plena crise do sistema capitalista, que ameaça as finanças de vários países, o tema escolhido por bispos e pastores cristãos é de suma atualidade no ano em que os eleitores brasileiros deverão escolher seus novos governantes.

A economia, palavra que deriva do grego /oikos+nomos/, “administração da casa”, não deveria ser encarada pela ótica da maximização do lucro, e sim pelo bem-estar da coletividade.

A Campanha da Fraternidade objetiva sensibilizar a sociedade sobre o valor sagrado de cada pessoa que a constitui; criticar o consumismo e superar o individualismo; enfatizar a relação entre fé e vida, através da prática da justiça; ampliar a democracia firmada em metas de sustentabilidade.

Isso significa “denunciar a perversidade de todo modelo econômico que vise, em primeiro lugar, ao lucro, sem se importar com a desigualdade, a miséria, a fome e a morte; educar para a prática de uma economia de solidariedade; conclamar igrejas, religiões e sociedade para ações sociais e políticas que levem à implantação de um modelo econômico de solidariedade e justiça.”

O documento reconhece que “um bom número de brasileiros, na última década, saiu do estado convencionalmente definido de pobreza, mas o Brasil confirma hoje a realidade de enorme desigualdade na distribuição de renda e elevados níveis de pobreza. Segundo o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, em 2007 existiam no Brasil 10,7 milhões de indigentes (ou seja, famintos), e 46,3 milhões de pobres (ou seja, sem acesso às necessidades básicas: alimentação, habitação, vestuário, higiene, saúde, educação, transporte, lazer, entre outras), considerando valor dos bens em cada local pesquisado.”

A parcela da população brasileira que vive em estado classificado, tecnicamente, como de extrema pobreza, continuará a ser indigente, pois não consegue, de modo geral, quebrar esse círculo vicioso, a não ser que a sociedade se organize de outro modo, colocando acima dos interesses de mercado o ser humano.

Na raiz da desigualdade social está a concentração de terras rurais em mãos de poucas famílias ou empresas. Cerca de 3% do total das propriedades rurais do Brasil são latifúndios, ou seja, têm mais de 1.000 ha e ocupam 57% das terras agriculturáveis – de acordo com o Atlas Fundiário do INCRA. É como se a área ocupada pelos estados de São Paulo e Paraná, juntos, estivesse em mãos dos 300 maiores proprietários rurais, enquanto 4,8 milhões de famílias sem-terra estão à espera de chão para plantar.

A lógica econômica que predomina na política do governo insiste em elevar os juros para favorecer o mercado financeiro e prejudicar os consumidores. Basta dizer que governo federal gastou em 2008, com a dívida pública, 30,57% do orçamento da União, para irrigar a especulação financeira. E apenas 11,73% com saúde (4,81%), educação (2,57%), assistência social (3,08%), habitação (0,02%), segurança pública (0,59%), organização agrária (0,27%), saneamento (0,05%), urbanismo (0,12%), cultura (0,06%) e gestão ambiental (0,16%).

E, no Brasil, quem mais paga impostos são os pobres, pois os 10% mais pobres da população destinam 32,8% de sua escassa renda ao pagamento de tributos, enquanto os 10% mais ricos apenas 22,7% da renda.

A Campanha da Fraternidade convida os fiéis a refletirem sobre a contradição de um sistema econômico prensado entre cidadãos interessados em satisfazer suas necessidades e desejos, e empreendedores e agentes financeiros em busca da maximização do lucro. Uma importante parcela da moderna economia capitalista é meramente virtual, decorre de vultosas movimentações de capital, não gera bens e produtos em benefício da sociedade, serve apenas para o enriquecimento de uns poucos com o fruto da especulação financeira.

O ciclo da moderna economia política fecha-se num mundo autossuficiente, indiferente a qualquer consideração ética sobre a vida humana e a preservação da natureza. A evolução da história, a miséria em que vive grande parte da humanidade, põem em questão o rigor e a seriedade dessa ciência e a bondade das políticas econômicas voltadas mais ao crescimento e à acumulação da riqueza do que ao verdadeiro desenvolvimento sustentável.

A CNBB e o CONIC propõem a realização de um plebiscito no próximo 7 de setembro – data da Independência do Brasil e dia do Grito dos Excluídos - em prol do limite de propriedade da terra e em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar. É preciso que haja leis limitando o tamanho das propriedades rurais no Brasil, de modo a evitar latifúndios improdutivos, êxodo rural, trabalho escravo e exploração da mão de obra migrante, como ocorre em canaviais.

O Evangelho, ao contrapor serviço a Deus e ao dinheiro, apela à nossa consciência: as riquezas resultantes da natureza e do trabalho humano se destinam ao bem-estar de toda a humanidade ou à apropriação privada de uns poucos que, nos novos templos chamados bancos, adoram a Mamon, o ídolo que traz felicidade à minoria que se nutre do sofrimento, da miséria e da morte da maioria?

* Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros.

quinta-feira, 4 de março de 2010