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segunda-feira, 12 de julho de 2010

APALPE_01



Sábado de manhã e eu no ponto esperando o Piabetá x Passeio. Independente do lugar que eu vá, seja longe ou perto, programado ou não, a viagem sempre começa nesse ponto. Quase sempre definimos nosso trajeto com locais a serem visitados, tempo de permanência neles e nos deslocamentos feitos, porém a partir do ponto inicial, nesse caso o ponto de ônibus, a partícula, nesse caso eu, pode ter seu percurso alterado devido o contato com algum vetor que atravesse a trajetória inicial prevista. E o dia começou dessa forma. Um amigo que seguia para a Barra da Tijuca me deu uma carona até Bonsucesso. De lá peguei um ônibus para a lapa, e desta peguei o 410 até o Humaitá. É o primeiro dia do APALPE, um curso intensivo com dez encontros aos sábados, onde a turma terá contato com várias linguagens artísticas, como vídeo, artes cênicas, grafiti, rap, literatura e outros, além de sermos encorajados a resolver vários desafios propostos. Será um mergulho no rico universo da criação e produção cultural. A idéia é que os participantes elaborem produções artísticas que relacionem corpo, território e palavra. No dia 12 de setembro, os participantes realizarão uma grande intervenção urbana na cidade. Estou pra lá de empolgado...

Cheguei 15 minutos antes de começar a oficina, mas não pude participar, pois não estava com roupa apropriada, que deveria ser bem leve sem estampas. Um moletom e uma camisa de malha. Assim como eu, outras pessoas não puderam participar e somente observamos. Faustini, idealizador e coordenador do projeto, organizou uma roda e pediu para que os participantes tirassem os sapatos afim de ficarem mais a vontade. Ele falou que o processo criativo necessita de procedimentos, técnicas e limites claros, pois a criação precisa ser de uma direção bem definida para gerar o resultado esperado. Por exemplo, quando se abre o concurso para samba enredo das escolas de samba, os compositores já conhecem os procedimentos e o formato exigido pela comissão julgadora. A criatividade deles é livre para delirar dentro dos limites preestabelecidos. Existem formas e procedimentos para a criação artística e o desafio é torná-los democráticos, ao ponto de todos dominarem os processos de criação e não apenas um grupo, que freqüentemente é visto pela sociedade como “os iluminados”.

Faustini pediu para os participantes da dinâmica escolherem três pontos no auditório e caminharem sobre eles, executando os comandos solicitados. Caminhar pela trajetória de forma leve, pesada e densa. Alto e Baixo. Feio, horroroso, asqueroso e hediondo. A forma de caminhar mudava, mas a trajetória não. Existiam limites.

Faustini falou que não cabe a arte representar mais nada, até porque a representação está em crise. A arte deve criar ambientes, promover estímulos e desenvolver dispositivos que disparem outras ações. Gostei disso. Dessa forma a arte não tem um autor, um sujeito, e sim mediadores de um fluxo que atravessa varias pessoas de maneiras distintas, provocando outras ações imprevistas e incalculáveis. Não existem essências a serem representadas e sim experiências e serem realizadas.

Essa dinâmica rolou das 10:00 a 13:00 e em seguida serviram o almoço. Era um marmitex com arroz, feijão, frango e salada. Bati um pratão! Todos almoçaram bem rápidos, pois logo após aconteceu uma palestra com B-A sobre a plasticidade da palavra. Ela falou sobre a linguagem verbal e a linguagem visual, e como essas duas eram interligadas em outras civilizações. Sumérios, egípcios, chineses e poesia concreta foram alguns dos pontos por onde passaram seus argumentos. Após a explanação, fomos convidados a realizar uma atividade prática. Com tinta guaxe e nankin, todos pintaram e desenharam uma palavra mencionada no texto sobre iorgute elaborado durante a oficina matinal. O resultado foram oito cartazes de 5 metros de comprimento por 1 metro de largura, cheios de palavras desenhadas, onde letras e imagens davam formas aos sentimentos despertados com as lembranças de iorgutes em nossas vidas. Um belo trabalho.

Como trabalho para casa, ficou a tarefa de levar 10 objetos vermelhos para o próximo encontro. Adorei tudo e espero que se torne cada vez mais interessante à medida que o grupo vai se entrosando e criando laços de afetivos. Faustini emitirá mais comandos e exigirá muito da gente, pois acredita em suas idéias e no grupo que selecionou. Ninguém sabe o resultado dessa empreitada e somente tenho uma certeza: darei meu melhor.

http://apalpe.wordpress.com/

Um comentário:

Dep. Gilberto Palmares disse...

Oi aqui é a Cláudia coordenadora da juventude do Gilberto Palmares, fico muito feliz pelo interesse e se for possivel, deixe seus contatos ou entre em contato conosco.
(21)9141-0165
juventudegilbertopalmares@gmail.com