Páginas

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O QUE SERÁ DO RIO DE JANEIRO?



Todos nós que moramos no estado do Rio de Janeiro, principalmente na região metropolitana estamos vivendo momentos de pânico e terror, uma situação de guerra, onde encontramos a polícia fortemente armada com equipamentos cedidos pela marinha (como vimos nesta quinta-feira dia 25-11) e agora com o apoio logístico do exército e da aeronáutica. Assistimos ao vivo a ação da polícia na Vila Cruzeiro (Complexo da Penha) e ficamos chocados com o número de traficantes que fugiam da localidade, mas qual é o motivo de termos tantos bandidos na Vila Cruzeiro? Vimos que eles fugiram para o Complexo do Alemão, nos perguntamos como estarão os moradores deste complexo? Será que eles se sentem seguros? E agora qual é a quantidade de traficantes que estão lá?
Todos nós que somos moradores, que gostamos do Rio e que torcemos por dias melhores estamos aflitos por tudo que está acontecendo, mas não devemos ficar inertes com tudo que vem acontecendo. Até a manhã desta sexta-feira (26-11) temos o seguinte quadro de ataques:




Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/11/mapa-dos-ataques-no-rio.html - Informação retirada no dia 26-11 às 11:30h.


É enorme o número de ataques, o efetivo de policiais que estão colocando sua vida em risco é de mais de 21 mil, em comparação, o coronel informou que o efetivo é quase o dobro do utilizado para pacificar o Timor Leste. "Participei três anos das Nações Unidas e foram necessários 12 mil homens para pacificar o país inteiro", disse o coronel Lima Castro. Segundo o próprio coronel, desde domingo (21) foram registrados 96 veículos incendiados, 44 armas e 8 granadas apreendidas, além de grande quantidade de drogas e material inflamável. Além disso, a PM informou que até o momento foram 192 presos e 25 mortos em confrontos e três policiais feridos levemente.
Neste texto não vou criticar em nenhum momento a ação da polícia, minha crítica é para o poder público, a falta de inteligência de ação deste poder. O Rio de Janeiro vive um momento especial no cenário internacional (tirando a última semana), teremos a final da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A maior exigência tanto da FIFA quanto do COI (Comitê Olímpico Internacional) é em relação a segurança, desde então, tem sido intensificado na cidade do Rio as implantações da UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Porém estas implantações vêm seguindo um padrão estão sendo feitas em regiões próximas a onde serão instalados os equipamentos olímpicos e em regiões de grande apelo turístico. Na próxima imagem veremos onde estão localizadas as UPPs:

Fonte: http://spiritosanto.wordpress.com/page/2/?pages-list – Retirado no dia 26-11 às 11:50h.

Percebemos que todas as unidades instaladas estão dentro do eixo-esportivo para a Copa e Olimpíada, exceto a UPP do Batan em Realengo (sua implantação tem haver com a retirada da milícia do local). Ou seja, a “tal” política de segurança pública na verdade é uma política de policiamento que busca atender um determinado público em detrimento de outros. As UPPs estão localizadas na Zona Sul (área turística), na Cidade de Deus (próxima a Barra da Tijuca, que é uma área turística e onde estarão localizados grande partes dos equipamentos olímpicos), na área da Tijuca (onde está o complexo do Maracanã com todo o equipamento esportivo) e no Centro do Rio (onde temos grande circulação turística que chegam a cidade).
O restante da cidade vive na mesma situação de antes, sem nenhuma ação do poder público. Podemos identificar a formação de duas cidades dentro de uma, uma mais segura e outra a mercê do tráfico armado. Outra situação é de que em todas as tomadas de comunidade para a implantação das UPPs não tiveram grande apreensões de armamento e nem houve grande prisões de traficantes. Então, estes traficantes se refugiaram em outras localidades, como a Zona Norte, Subúrbio e Baixada Fluminense.
Gostaria de terminar este texto (desabafo) como comecei o mesmo, com a seguinte pergunta: “O QUE SERÁ DO RIO DE JANEIRO?” Outras reflexões se fazem necessárias como qual é o papel da população? Como devemos agir para cobrar dias melhores? Será que o aumento do efetivo policial é a solução? Será que esta não é apenas uma ação momentânea? Até por que depois de algum tempo quando o policiamento voltar ao normal, será que não termos novos ataques? O que necessitamos para acabar com essa situação de insegurança que o Rio vive? Será que investimento em educação como ocorre em todos os países desenvolvidos e nos países que estão crescendo no cenário mundial são necessários? Logicamente que todos nós queremos a Copa e as Olimpíadas no Rio de Janeiro, mas será que só as localidades mais ricas e que irão receber os equipamentos esportivos merecem melhoras?

DESCULPA SE ESTE TEXTO NÃO FOI MUITO COERENTE COM O QUE VOCÊ PENSA SOBRE TUDO QUE ESTÁ ACONTECENDO, SE TEM ALGUM ERRO DE ESCRITA OU SE PARECE MAIS UM DESABAFO DO QUE UM TEXTO CRÍTICO. MAS PEÇO QUE TODOS COLOQUEM SUAS OPINIÕES PARA QUE POSSAMOS CRIAR UMA FORMA DE AÇÃO E QUE DESTA FORMA NÃO NOS TORNEMOS SERES IMÓVEIS E NÃO-ATUANTES DIANTE DE TUDO QUE ESTÁ OCORRENDO.

Por: Thiago Coutinho Rodrigues

10 comentários:

Vinícius Lionel Mateus disse...

Grande Thiago,
Concordo plenamente com seu posicionamente, principalmente, tendo em vista o êxodo de bandidos para a Baixada Fluminense e Magé.

Adriana de Oliveira disse...

Uma das coisas que mais me preocupa é que TODO o foco está lá na Penha e o que vem acontecido na Baixada Fluminense tem mesmo ficado de fora. E isso tem nos deixado em pânico por não sabermos de verdade o que acontece por aqui, o Rio não se resume apenas a Penha.

(BAR)ba disse...

Muito bom!
Mas acredito que o estado deve ir além de ações militares de despejo de marginais. A miséria e a falta de perspectivas é o que leva a maioria dessas pessoas a optarem por essa vida de riscos.
Vejo ser necessário uma nova e menos hipócrita visão sobre as drogas e a sociedade. Combater dessa forma antiquada se mostra inoperante há décadas, no Brasil e em todo o mundo!
Entendo ser muito mais interessante o investimento em saúde pública, educação e trabalho digno. As atuais e futuras gerações dessas comunidades precisam disso! O resto é demagogia barata!

Unknown disse...

concordo com vc thiago,acredito em uma melhorar inicial, mas o q será do rio depois da copa e da olipiada?
como todos vimos nas jornais a quantidade de bandidos q sairam da vila cruzeiro para o complexo do alemão,todos vimos a diferença da cobertura jornalistica de hoje26/11, comparando com a de ontem25/11...como realmente podemos acreditar no avanço policial, se vimos os bandidos fujindo com facilidade,será q realmente os policias teram sucesso com esta abordagem.
esta na hora de pensamos no futuro q queremos e no q vamos ter, que futuro nos jovens deixaremos para nossos pais ?
nosso pais foram os caras pintadas, lutaram por um pais melhor.esta na hora de cobrarmos resultados,gerarmos resultados, nos somos os pesandores desta geração e precisamos buscar soluções ,pós hoje vemos violência contra violência, a marginalidade versos policias.
Nos jovens temos q parar de perder tempo e procurarmos soluções viaves para melhoria do pais, todos somos capazes de ajudar alguem,educar alguem,encinar uma coisa nova para uma criança.
juntos sim criaremnos um futuro melhor. somos o q o brasil tem, a melhoria da Brasil e um trabanho de formiguinha mesmo, cada um fazendo sua parte. desculpe o desabafo e boa noite para todos.

Unknown disse...

Tiago,
discussões serão sempre válidas, elas movem as idéias...
Na ânsia de dizer tantas coisas, peço que veja este post:

http://altamiroborges.blogspot.com/2010/11/sangue-de-pobre-deixa-direita-feliz.html

Usam armas para pacificar, não seria melhor dar-lhes o que é DIREITO.

Unknown disse...

vc só forçou, quando diz:"Nós que moramos na região metropolitana"(vc morta em xerem cara)kkkkkk
Brincadeiras à parte, o texto ficou muito bom.

henrique disse...

Mil coisas na cabeça...
Uma coisa que tenho insistido com as pessoas que tenho conversado é que em todas as cidades do mundo existe tráfico de drogas. Nova Iorque, londres, Tóquio, Paris, Berlim... A questão é que o traficante não domina plenamente territórios, não possui arsenal de guerra, nem promove o caos na cidade. Torço para que o maior saldo dessa grande operação que envolve muitos interesses seja o enfraquecimento das grandes organizações criminosas, de seu poder bélico e seu dominio sobre bairros/favelas da cidade. Talvez o futuro traficante/esperto seja aquele que não usa armas. Quanto ao fim do tráfico, não tenho dúvida que será quando a sociedade amadurecer e abandonar velhos dogmas, tirando da ilegalidade a produção e o consumo de substâncias usadas por milhões de pessoas de todo mundo a séculos.

Outro destaque. Ouvi muita gente (pricipalmente da esquerda) dizer que não resolveremos o problema com policiais e sim com educação. Concordo que o Estado deve garantir todos os direitos socias dessa população, no entanto a ação militar na área era necessária para retirar dos bandidos a controle desses territórios.

Andrea disse...

Maravilha Thiago!
Concordo totalmente com sua opinião e completo dizendo que neste momento, o enfrentamento se faz necessário,para que o Estado possa retomar o território, que é da comunidade. Quanto ao nosso papel... acredito que devemos cobrar as outras ações que o Estado deve a este segmento da sociedade... A polícia ja subiu o morro...falta agora EDUCAÇÃO,HABITAÇÃO, SAÚDE,POLÍTICA DE SANEAMENTO BÁSICO, CULTURA... e sem querer ser piegas: Cidadania!

Andrea disse...

Maravilha Thiago!
Concordo totalmente,completo dizendo que o enfrentamento se faz necessário neste momento para que o Estado retome o território, que é da sociedade. Agora outras ações precisam acontecer.A única instituiçao que efetivamente subiu o morro foi a polícia... falta SAÚDE, SANEAMENTO,EDUCAÇÃO,CULTURA... e termino concordando com o Secretário: "O poder paralelo está onde o Estado não está!"

Mendel Cesar disse...

Thiago, bom texto, refletindo o bom geógrafo que você é.

Destaco apenas que não podemos achar que temos uma nova polícia do dia pra noite. É claro que individualmente podemos apontar bons exemplos e trabalhadores honestos, mas o tráfico no Rio de Janeiro só é o que é, devido a sua associação com parcelas expressivas das polícias. "Arregos", venda de armas, negócios escusos. Certamente isto também está ocorrendo nesta operação.

Acho que o seu texto tem um grande mérito, que é ir para além do discurso ufanista da mídia, que mais parece estar cobrindo um evento esportivo.

Abração.